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Guia da legislação de Comex

Sempre que alguém afirmar que um processo no Comércio Exterior deve ser feito de uma certa maneira, pergunte: “Onde está escrito isso? Qual o fundamento?” Você não precisa saber todas as legislações de cor, mas sim como encontrá-las. No Comex, o importante não é saber tudo, mas saber onde buscar. Acesse o Guia da Legislação para download.

Planilha de Viabilidade de Importação

Planeje suas operações de Comércio Exterior como um Mestre Comex 360°! Aprenda todas as informações necessárias para planejar uma importação.

Comex 360º Canvas

Utilize o Comex 360° Canvas para planejar a sua primeira importação ou reestruturar as suas operações já consolidadas!

Os desafios do Comércio Exterior são muitos e para desmitificar essa que é uma das mais temidas áreas pelos profissionais de Comex, vou te contar as preocupações e cuidados que um bom profissional precisa ter na hora de planejar e gerir uma operação de Carga Projeto.

O que é uma Carga Projeto?

Primeiramente, vamos às formalidades, então, para quem nunca foi apresentado a ela ou chegou agora na área, uma Carga Projeto (ou Carga de Projeto) é um embarque que foge dos padrões de uma carga unitizada em contêiner ou em pallet padrão de companhia aérea e que não pode seguir em navios ou aviões chamados de “linha”.

Sempre que uma carga precisa de uma solução customizada, que necessite de afretamento de navios ou aviões, que possua um alto valor agregado, excesso de peso, altura, muito volume de carga em um mesmo embarque e demande um planejamento digno de engenharia, ela é chamada de Carga Projeto. E agora vamos mergulhar nos principais pontos de atenção desse tipo de operação.

Logística de Carga Projeto no País de origem

legislação e infraestrutura dos países são diferentes, assim como a restrição de tráfego. Isso significa que uma carga pode ser transportada de um jeito no Brasil, mas talvez na Austrália ela precise de cuidados diferentes.

Antes de começar a sequer cotar uma Carga Projeto, o profissional de logística precisa estar atento a alguns detalhes:

Desmontagem

Nem sempre importador ou exportador irão montar e desmontar o equipamento ou peça para transporte e há casos em que se faz necessário desmontar a carga para inclusive removê-la da origem ou entregá-la no destino, solicitar o fechamento de estradas, fazer a elevação de fios elétricos e analisar diversos outros gargalos logísticos que possam existir.

Em alguns outros cenários, é preciso desunificar a carga para que ela seja transportada até o porto de embarque ou de destino e isso precisa ser estudado antes da execução do projeto.

Limpeza

Em se tratando de equipamento usado é possível que ele esteja com terra, que tenha vazamento de óleo ou outros resíduos, desde químicos até de poeira, e se a carga estiver suja, normalmente ela é recusada seja pelo porto/aeroporto de origem ou pela companhia marítima ou aérea.

Essa limpeza ou lavagem necessária deve ser feita pelo gestor do projeto e será realizada de acordo com o contratado entre as partes. Fique atento a isso, levar uma carga extra pesada para o porto e ser exigido que faça uma limpeza, pode te custar caro em movimentação e içamento.

Embalagem

Dependendo da carga ela será desmontada e suas partes devem ser embaladas. Um exemplo disso são os parafusos ou escadas que acompanham máquinas (bem comuns nesse tipo de carga). A carga pode também precisar de uma embalagem específica para içamento, por exemplo, e que servirá para facilitar o seu manuseio.

Entregar cargas muito soltas para embarque podem ocasionar a recusa da carga ou aumentar o risco de avarias ou extravio.

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Transporte para o porto ou aeroporto

O que primeiro deve vir à cabeça do gestor é que qualquer excesso de altura, largura ou peso pode demandar uma licença local, talvez tomando muito tempo para ser emitida ou vir com o “bônus” de diversas restrições de rotas, turnos e datas: matando o seu planejamento e as vezes de fazendo atrasar o embarque da carga, gerando custos altíssimos

Importante também verificar eventuais sazonalidades, como épocas do ano em que simplesmente não se emite licença especial de transporte para determinadas rotas, principalmente em regiões bem turísticas. Aqui mesmo no Brasil não se transporta carga projeto para Santos nas semanas entre o Natal e o início de Janeiro. Deixar para pensar nisso em cima da hora pode resultar em custos de sobre-estadias (detention) de navio, custos extras noterminal ou até frete morto.

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E aí a gente morre mesmo nessa ….

Área de pré-embarque

Toda carga precisa aguardar seu meio de transporte já posicionada e com o máximo de proximidade possível do local de embarque e a Carga Projeto não é diferente. O que muda nesse caso é que quanto mais próximo do local em que a carga vai de fato ser embarcada, mais a segurança e flexibilidade no projeto.

A área de pré-embarque precisa ser bem escolhida para que permita a realização de eventuais serviços extras necessários, como, por exemplo, um término de montagem ou limpeza, ou uma inspeção (casos em que o contratante exige a certificação de alguma pessoa ou empresa reconhecida atestando que a carga está embarcando em bom estado).

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Essas áreas podem ser também utilizadas como ponto de consolidação de cargas, já que em alguns casos elas serão acomodadas juntas apenas na área de pré-embarque, quando chegam no porto de origem.

Em alguns complexos portuários, há a possibilidade de se contratar retro-áreas com custos competitivos. Nestes casos, o risco de atraso na entrega da carga para embarque em um navio afretado por exemplo diminui muito.

Quando você transporte a carga de um local distante, direto para ser carregado no navio, você pode até economizar custos, mas qualquer atraso faz esta economia virar custos extras.

Como por exemplo algum problema na licença de transporte rodoviário, segurando a carga e o navio já está pronto no porto.

A brincadeira aqui começa com o detention, USD 14.000-USD 20.000,00 por dia pró rata, e vai até o frete morto, que pode ser na casa das centenas de milhares de dólares.

Custos portuários

Os custos portuários existem em qualquer embarque marítimo, mas nas cargas projeto eles geralmente são cobrados de maneira separada e pagos para cada prestador de serviço diretamente, o que geralmente entra em um “pacote” nos embarques FCL. Estes custos são comumente agrupados e chamados de armazenagem quando se realiza um embarque de contêiner e divididos em diversos tipos na Carga Projeto.

São alguns custos portuários comuns:

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Transporte entre Costado do Navio e Retro Área

O porto é dividido em duas partes: Costado do Navio, que é a área de embarque da carga no navio e Retro Área, que são todas as outras áreas do porto. Movimentar a carga entre estas partes do porto tem um custo.

Guindastes para içamento

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É o custo de içamento da carga ao ser recebida na chegada ao terminal ou para ser colocada no caminhão que irá levá-la até o costado do navio.

Wharfage

Custo de uso do píer portuário.

Stevedoring ou estiva, Hook-on/Hook-off charges, THC

São os custos dos serviços realizados por profissionais dentro da área portuária. Tecnicamente, todo serviço manual realizado dentro da zona portuária é estiva e comumente chamado também de Capatazia. Os nomes e regras variam de país para país e de porto para porto e em alguns lugares há acordos em que só se podem utilizar estivadores sindicalizados, como no Brasil temos o famoso OGMO (Órgão Gestor da Mão de Obra Portuária). Pode ser cobrada por tonelada, metro cúbico de carga ou período de trabalho, como o terno.

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Loading and Unloading em MAFIs

Os Roll-Trailers ou MAFIs são uma espécie de “contêineres plataformas” com rodas e são utilizados para navios que fazem carregamento de carga rolante, conhecido como Ro-Ro (roll inroll out) e servem para carregar carga não rolante ou estática para dentro dos navios Ro-Ro, para que sejam amarradas dentro da embarcação. Este é o custo de acomodação, peação e amarração da carga nestes equipamentos e geralmente há ainda a necessidade de um surveyor para confirmar que estão bem feitos, afim de evitar a recusa da carga pelo capitão do navio.

Loading and Securing na aeronave ou navio

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É o custo de peação da carga dentro da aeronave ou do navio. Buscando sua unitização e a segurança da carga durante o transporte.

E como escolher o porto ou aeroporto de embarque?

É algo que deve ser escolhido em conjunto com a opção de transporte internacional e um ponto importantíssimo, pois mesmo quando os portos/aeroportos pareçam óbvios, podem surgir soluções logísticas muito interessantes analisando este ponto mais a fundo.

Alguns fatores são importantes no momento da escolha, como, por exemplo:

  • Se o terminal é muito congestionado, já que um terminal muito movimentado pode acarretar atrasos por conta de prioridades contratuais que ele possa ter. Um navio de contêiner tem prioridade de atracação em relação à um navio break-bulk nos terminais marítimos por exemplo;
  • Existência de estrutura necessária para operar aquele tipo de carga;
  • Expertise no manuseio deste tipo de carga;
  • Coerência com a opção de transporte internacional

Transporte Internacional

As principais opções para cargas projeto, geralmente são:

Marítimo:

·      FCL – Contêiner Open Top, Flat Rack ou outro.

·      Ro-Ro – Cargas rolantes com propulsão próprias, como caminhões, ônibus e automóveis ou cargas estáticas embarcadas em Mafi´s

·      Breakbulk – Cargas embarcadas soltas , não padronizadas.

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Aéreo

·      CAO – Avião cargueiro, mais indicado para cargas que não cabem em avião de passageiro, cargas perigosas ou que precisem de mais prioridade de embarque.

·      PAX – Avião passageiro, mais indicado para cargas que precisam de fretes competitivos e que não têm tanta urgência de chegada.

·      Charter – Avião fretado, indicado para grandes máquinas, emergências ou para cargas que não podem esperar pelo trâmite normal de embarque em voo cargueiro.

E para escolher entre eles você precisa conhecer mais a natureza de cada um, suas vantagens e desvantagens. E aí você encontra artigos por aqui e lives no canal Comex 360 que te ajudam nesta etapa.

Chegada da Carga

Antes da carga atracar é preciso já ter negociado com o terminal portuário de destino e com os prestadores de serviço todos os custos incidentes para o descarregamento da embarcação ou aeronave até o momento em que a carga deixa o porto/aeroporto.

Dependendo da modalidade de contratação, o gestor do projeto pode precisar trabalhar com determinado terminal ou empresa mesmo ela não estando disposta a negociar pelo serviço, o que provavelmente elevará seu custo.

Despacho Aduaneiro

Enquanto toda parte logística está sendo estudada, o gestor do projeto precisa, paralelamente, se antecipar à aduana brasileira. Ele precisa checar se existe a necessidade de Licença de Importação, solicitar evidências por parte do exportador a respeito dos detalhes da carga, principalmente se for usada.

É preciso também verificar a possibilidade de Ex Tarifário, pois o produto pode ter direito ao benefício e isso acabar gerando uma economia de milhões de reais. Essa modalidade exige tempo e planejamento e este é o maior motivo da falta de utilização do benefício, pois diversas empresas não se planejam com antecedência, já que o pleito pode levar meses.

Transporte Rodoviário

Da mesma maneira que na origem, quando a carga chega ao destino é preciso checar licenças, horários, trajetos e todos os detalhes para evitar maiores surpresas. Há casos em que a logística eficiente envolve o embarque de uma carga maior, considerando a sua desmontagem no porto de destino antes do transporte rodoviário ser efetuado.

Enfim…

Deu para ter uma noção de que Carga Projeto não é para amadores, não é?

Os custos envolvidos exigem profissionalismo e experiência, além de muita atenção aos detalhes.

Um embarque de projeto pode passar de grande amigo para perigoso vilão num instante e quanto mais complexo o cenário, maior o peso da responsabilidade. Porque o erro aqui custa as vezes centenas de milhares de dólares.

E você, conhecia todos estes termos técnicos ou se surpreendeu com algum deles? Deixe seu comentário ou pergunta e conte-nos qual sua experiência com este tipo de embarque.

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